quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

APRENDENDO FILOSOFIA II

Significados da filosofia

1. Filosofia como “insatisfação do saber” – Jules Lachelier
1.1. Entende-se como ultrapassagem dos limites do conhecimento
1.2. Sugere-se voto em favor do novo
1.3. Supõe-se critica ao conhecimento estabelecido
2. Como mito: funções do mito
2.1. Revelar ao mundo os mistérios, ansiedades e medo do ser humano, a função da filosofia os descobrir os mistérios do discurso humano.
2.2. Re-velar – esconder do mundo as fraquezas humanas – é função de a filosofia elaborar sistemas de pensamentos que reduzam a mensagem do orador ou autor da mensagem tornando-a esotérica e fechada ao leigo
3. Filosofia como “weltanshaunng” – posição do homem face ao mundo que ele vê:
3.1. Supõe cumplicidade com os fatos-o filosofo não é espectador é partícipe
3.2. Sugere iconoclastia, quebra de tradições, ídolos, lendas, costumes.
3.3. Sugere um environement, não apenas testemunhas, mas participante.

Características da filosofia
1. Docilidade: (uma coisa sei... é que nada sei!) – o autor desta frase foi Sócrates, o grande filósofo grego. que entendia o conhecimento como algo a vir-a-ser e nunca de forma acabada como normalmente se acha. Quem afirma que sabe de tudo quase sempre não sabe de nada.


2. Dúvida metódica – (de tudo quanto a ti disserem, duvides... para provar!) Descartes foi o autor desta máxima, oferecendo o benefício da dúvida para todas as afirmações, venham de onde vierem. Na Bíblia temos o exemplo da dúvida metódica por parte de Gideão às promessas dos anjos. Duvidar não deve ser um falta de confiança em quem afirma e sim a busca da comprovação, até em favor de quem proclama o que julga ser verdade.


3. Abertura – é o requisito exigido de quem deseja filosofar. Estar aberto a questionamentos, reposição de idéias ou pensamentos, correção de raciocínio, são algumas atitudes de quem se dispões a debater qualquer assunto. Todavia, abertura não quer dizer falta de convicção de certeza do que diz. Não podemos ficar mudando de idéia toda vez que somos questionados.
 
4. Propriedade dos termos – a língua pátria e difícil de ser dominada, os termos que usamos podem ser unívocos, dúbios, equívocos ou até de duplo ou triplos sentidos engajados no contexto em que os estamos inserindo. Por outro lado o regionalismo oferece mudanças de sentido no âmbito da cultura além do neologismo surgido com o avanço da tecnologia, daí o cuidado no uso dos termos, pois quanto maior for o nível de intelectualidade de uma pessoa mais dela se exige exatidão de pensamentos expresso nas palavras.

5. Compromisso, só com a verdade! – por ser a amante da sabedoria que se entende por correção de atitudes o praticante da filosofia tem que assumir um compromisso sério com a verdade e só com a verdade. É uma questão de atitude diante da corrupção, da mentira, do falseamento da verdade. Segundo a lógica “uma coisa é, ou não é” não pode haver meio termo. “O Senhor Jesus afirmou que o nosso falar deve ser: sim e sim, não e não” o que passasse disso seria de procedência maligna. Igualmente, isto não implica em grosseria e estupidez, há verdades que não podem ser ditas de forma direta, principalmente a quem não está em condições psicológicas de ouvi-las. No VT o Senhor Deus aconselha o profeta Nata a não dizer ao pai de Davi que sua ida a casa dele era para escolher o substituto de Saul pois se tal notícia chegasse aos ouvidos do rei as conseqüências atingiriam a diversas pessoas, mas afirmasse que sua ida era para, junto com a família de Jessé cultuar a Deus o que era verdade embora não fosse a verdade toda.

6. Clareza de pensamentos – isso era o que Ortega Y Gasset exigia de todo filósofo, o que ele denominava de cortesia. Infelizmente essa característica não é seguida pela maioria dos discípulos de Sócrates e Platão. Como dissemos na introdução, criou-se uma barreira entre os “filósofos” e a massa ignorante dos não-filósofos que é todo o resto. O bom filósofo ~ é aquele que demonstra muito conhecimento e pouco esclarecimento. Que após ouvi-lo você fica sem saber de nada, apesar da admiração pelo orador. Alguns requerem o uso de um dicionário para tentar compreender o que foi dito. Soubemos de um orador filósofo que após usar um termo inusitado usava sinônimos para explicar o exato sentido, no que foi vaiado por grande parte do auditório, vaias provenientes de filósofos mais antigos. Uma das características de Jesus era o seu discurso, que era entendido até pelas crianças.

7. Neutralidade de interpretação – o religioso lê com bastante desconfiança a obra de cientista ateu e vice-versa. Quando você vai ouvir um orador que a priori recebeu a classificação oposta aos seus padrões de cultura, dificilmente você fará uma interpretação precisa. Às vezes o preconceito racial faz com que o orador que se vai ouvir não seja bem aceito nas suas perspectivas culturais o que o leva a não interpretar com neutralidade o que se está dizendo. Esses erros são comuns nas nossas interpretações. Quantas preciosidades são encontradas nas latas de lixo de nossas pesquisas da mesma sorte podemos ouvir mensagens maravilhosas de pessoas que nem esperávamos. É de boa recomendação examinar de tudo e retermos o que é bom, segundo o apóstolo Paulo. Deus nos deu dois olhos e dois ouvidos e apenas uma boca. Dentro dessa proporção devemos pautar nossa pesquisa.

8. Correspondência entre o discurso e a fática – essa característica é tão importante que a filosofia dedica um capítulo inteiro a ela. É denominada de Ética filosófica. Faça o que eu digo e não o que eu faço essa tem sido a regra de latão da maioria das pessoas, principalmente aqueles que assumem cargos públicos. Esses discursos de candidatos são melhor exemplo dessa regra de latão. Promessas não cumpridas, princípios não seguidos fazem parte desse mosaico de enganos dos nossos homens públicos candidatos a cargos de chefia ou de liderança. O pior é que essa cobrança de coerência parte principalmente dos que não seguem a regra de ouro. Sujam as ruas e cobram do poder público a limpeza das mesmas, elogiam a honestidade, mas fazem agrado as espertezas dos filhós no trato com os coleguinhas.

9. Buscar uma práxis – é a descoberta do sentido e significado da própria existência. O dado significativo da vida é o élan, a música central de uma ópera que a motiva e conduz todos os elementos da mesma. Uma vida sem sentido nos deixa com a sensação que Hegel chamava de nihil, ou seja, que não somos nada e nem sabemos o que procuramos. Há uma indagação a ser feita todos os dias: o que estou fazendo aqui? O que é a minha vida? Para onde estou indo? A filosofia nos remete a proposta de Sto Tomás de Aquino que propõe uma revolução filosófica. É pensar a vida desde o começo, os fatos que nos levaram a isto ou aquilo. Depois vamos revendo cada ato até formarmos um conceito de nossa vida atual, aí teremos a nossa práxis de vida.

10. Distanciamento – entendemos por distanciamento o “estar na chuva e não se molhar” Para exemplo citemos uma reunião de sindicato. Nela todos estão motivados pela revolta contra os patrões, há xingamentos, palavras de baixo calão, ofensas aos chefes, etc. Todos participam do mesmo sentimento como se fosse um só. Porém há alguém que se mantém a distância que embora partilhe o mesmo sentimento não extravasa em atitudes e palavras o que está sentindo que ouve as desculpas dos patrões permitindo uma análise mais profunda dos problemas da reunião. Ela ouviu os dois lados, filtrou as querelas e pode assim fazer um juízo imparcial da problemática e oferecer soluções que possivelmente agradará os dois lados. É este distanciamento proposto pela filosofia. É estar na chuva, ou seja, fazendo parte com os outros dos debates, das lutas, das batalhas, mas sem se molhar sem ser “um Maria vai com as outras” do vernáculo popular, alguém que “segura o pau da bandeira” sem saber por que, acompanha sim, ouvindo, analisando os exageros, as provocações sem sentido para poder oferecer soluções sensatasproduto de uma mente que age livre das paixões guiada apenas pela razão.

11. Sutileza – A Bíblia nos exorta para termos cuidado com o “dia das pequenas coisas” e com razão. Quem atenta para a obra de um pedreiro fazendo o embosso de um teto, jogar a massa pra cima de modo que ela não caia em sua cabeça, vai aí jeito e a força medida do profissional competente, e que dizer da paciência de um relojoeiro, ajustar peça por peça auxiliado apenas por uma lupa em um dos seus olhos. Que dizer das pequenas maravilhas do universo, de como as aves alimentam seus filhotes, como os animais pequenos fazem para escapar dos predadores bem maiores. São essas pequenas coisas que o filósofo tem que observar, as grandes todo mundo faz, mas o ensino que as pequenas coisas nos dão são inexcedíveis. A sabedoria ancestral oriental fixa-se sempre na observação das pequenas coisas. Animais como o mosquito, o besouro são um ótimo observatório para os hindus e demais asiáticos. O Senhor Jesus era voltado para as pequenas coisas: as crianças, as sementes, o velador sobre a mesa, o pequeno grão de areia foram preciosos instrumentos pedagógicos nas mãos do sublime mestre. Cabe ao estudioso da filosofia atentar para esta característica se quiser ser bem sucedido na busca da sabedoria.