segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Prioridades da vida

A escala de prioridades da vida

Prioridade – esta é uma palavra chave no desempenho do nosso comportamento existencial. Na filosofia há um capítulo destinado ao estudo das prioridades é a axiologia, que no grego quer dizer valor. São denominado de valores aquilo de que mais gostamos e que nos levam ao sacrifício para obtê-los. Para melhor exemplificar temos Deus como o valor maior da maioria das pessoas, a partir de Deus a prioridade das pessoas mudam em função das circunstâncias ou de situações que nos obriguem a eleger este ou aquele valor como segundo ou terceiro na nossa vida. Podemos citar algumas escalas de valores com o objetivo pedagógico de análise.
Assim temos: Deus – dinheiro – sexo – prazer – família – profissão – moradia: Deus – moradia – dinheiro – sexo – trabalho –profissão – prazer; Deus- casa –dinheiro – sexo –prazer – status social; Sexo –dinheiro- casa – família – profissão – Deus (acreditem Deus pode vir em último lugar); Deus - igreja – família –casa – profissão – moral.
A guisa de estudo citaremos uma relação de valores ou prioridades que as pessoas elegem e que em alguns casos chegam as raias do absurdo a eleição de algumas no topo da escala. Deus- é o valor maior, sua extensão supera em muito a sua compreensão e tanto pode nos falar de uma entidade divina ou uma mera escora de segurança para situações onde não temos algo para nos segurar. Família – instituição, aliás, criada por deus, que visa agrupar e proteger as pessoas, seja através dos laços sanguíneos ou de parcerias entre pessoas que através do casamento ou de mero ajuste social a que a ela se ligam. Através dos tempos a família tem sido objeto de críticas, considerada por uns uma entidade retrógrada(veja-se Platão e alguns teóricos do marxismo) que não permite os avanços da sociedade, a evolução dos costumes e até mesmo a castração do espírito de aventura da juventude. Todavia há os que a defendem como repositório dos valores tradicionais de uma sociedade. Todo estudo histórico começa com a família como base sedimentar para se entender como os fatos se desenvolveram e os eventos aconteceram. Trabalho – “Aquele que não trabalha não coma” é a recomendação do apóstolo Paulo que se encontra na Bíblia e que reflete a verdade do nosso cotidiano. Não podemos colocar o trabalho como valor secundário em nossa vida. Não podemos nem devemos viver à custa dos outros, nem mesmo de Deus na espera de milagres. Trabalho não é castigo como vêm alguns, o trabalho quando realizado com satisfação é algo prazeroso e que segundo a medicina serve até de terapia. Marx criticava o trabalho como algo que o indivíduo fazia com salário abaixo de seu merecimento servindo como mercadoria de menor valia. Ele mesmo foi objeto dessa desvalorização vivendo grande parte de sua vida bem abaixo do seu merecimento. O trabalho suado foi o castigo que Deus deu ao homem pela desobediência cometida, castigo esse só se aplica aos que pecarem não se tornando um aplicativo universal. Igreja – uma instituição criada por Cristo com a finalidade de reunir os que se tornarem fiéis ao Senhor e mestre do cristianismo. O termo é um empréstimo da sociedade grega que chamava de Eclésia (=igreja) o ajuntamento dos cidadãos das chamadas cidades-Estado formando uma espécie de assembléia para decidir os destinos da própria comunidade. Jesus usa o termo para constituir sua igreja indicando os crentes como o conjunto de pessoas remidas por Cristo, tirada de suas casas para deliberar sobre as coisas do reino. De uma importância fundamental para a vida cristã a igreja é um valor indescartável para a sociedade, pois é ela que junto com a igreja assegura os valores morais e sociais, pilares da democracia e da convivência justa. Sexo – a partir de Freud o sexo ganhou uma importância tão grande que adquiriu status de valor. Para o “pai da psicanálise” o sexo estava entre as sete motivações do ser humano, e que a semelhança dos dez mandamentos se converte em uma motivação apenas, todas as demais motivações derivam apenas da sexual. Vista por ele como o desejo de vida eterna que se caracteriza através dos filhos o sexo origina todos os demais desejos: auto-preservação, cogitação, sociabilidade, transcendência, segurança, poder. O sexo é uma bela página de nossa vida, todavia não é o livro todo, como alguns pensam que é. Muita das aberrações sexuais tem origem no pensamento obsessivo em torno do sexo. Hodiernamente esses desvios de comportamento na área sexual, alguns com conseqüências perigosas para o próprio corpo receberam nova nomenclatura, chamam-se.
“Opções sexuais”, termo chique para designar a valha corrupção dos costumes. Que o sexo é um valor ninguém discute, o problema é a degeneração moral provocada pelo sexo. O pior é que não há repúdio aos atos sexuais desregrados, mas busca-se uma racionalização para justificar tal prática o que incentiva a sua repetição na sociedade e não a sua exclusão. O cinema colabora de modo claro e insinuante para a explosão da sexualidade desregrada do sexo, seja pregando a liberação da prática sexual desregrada seja incentivando o não respeito aos limites da sexualidade. Dinheiro – a Bíblia diz textualmente que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”, note-se que não é o dinheiro e sim o amor ao dinheiro, pois este é um valor, algo importante e nossa vida, o amor obsessivo e incontrolável ao dinheiro é que torna as coisas mais difíceis e incontroláveis. Muitos lares destruídos, inúmeros crimes cometidos, nações em guerras tudo por conta do dinheiro. Alguém já disse que o dinheiro é um bom servo, todavia um péssimo senhor. Quem sabe administrar o dinheiro ele se torna uma benção
Não só para o seu possuidor, como para uma comunidade que pode ser imensa dependendo do círculo social que se tenha. Quantas creches, quantos asilos, quantas escolas, quantos orfanatos, quantas instituições filantrópicas necessitadas de ajuda financeira, até de pequenas doações, mas o que se vê são revistas como gente, caras, festas onde a burguesia expõe sua riqueza, roupas caríssimass apenas para mostrar status num desperdício inútil de dinheiro quando há tanto o que fazer em benefício dos pobres e das instituições que vivem das ofertas. É um verdadeiro escárnio, um “arrotar” na cara do necessitado a exposição da fortuna de que alguns poucos neste país desfrutam insensíveis ao sofrimento público. É o mau uso do dinheiro desperdiçado na ostentação e no luxo. Moradia – há um ditado que diz: “quem casa quer casa”, a moradia é um valor quase inexcedível dada à busca que as pessoas que casam fazem, até parece que a moradia é o item principal da felicidade dos nubentes. Esquecem que o sustento financeiro, o relacionamento a dois, a junção de perspectiva são mais importantes que a própria moradia. A identificação religiosa que produz a paz, a perspectiva segura é algo que moradia nenhuma dá. O teto, no Brasil é a busca interminável dos casais, fazendo com que a inexistência dele provoque até separações, mutua acusação de fracasso, etc. Parece que morar bem só acontece se os dois tiverem um teto que lhes pertença. Há uma triste filosofia de que quem paga aluguel está botando dinheiro fora, já que todo mês paga e já está devendo de novo, o que é um erro, pois o pagamento do aluguel é uma garantia de moradia, “pago, mas tenho onde morar” essa é a interpretação correta da situação. Quem mora de aluguel não é obrigado a morar em local que repentinamente tornou-se inóspito, contrário a cultura do indivíduo, é só mudar, cada moradia pode tornar-se uma aventura o que enriquece as experiências, portanto há o lado bom do problema. Status social – embora não de caráter material o status social é um valor que embeleza ou que sacrifica as pessoas que o buscam. Quantas pessoas vivem atrás desse valor, sacrificando família, esquema financeiro, amizades, sonhos e quimeras na busca de ser admirado e até mesmo invejado pela vida que aparenta ter.
No interior do país essa busca é facilmente sinalizada; pessoas trocando anualmente de carros, de móveis e até de bairros para mostrar um crescimento social ou uma aproximação com pessoas de alto nível social. Elas não notam o ridículo que passam nesta busca fazendo amizade com pessoas que hipocritamente fingem aceitá-los na presença, para mostrar aversão e repúdio quando elas não estão. Essa busca acelera o processo de baixa admiração ao notar a rejeição de que são objeto e o fracasso da ostentação social. A projeção social deve ser algo espontâneo que surge da descoberta da competência e da capacidade de relacionamento do indivíduo, além de sua natural ascensão no mundo social, não é uma busca é algo que se impõe. Profissão – exercer uma profissão deve ser algo agradável, realizador da vocação pessoal, não importa qual a profissão escolhida. Para que se possa orgulhar do direito de ostentar é necessário que primeiramente se veja o valor social da mesma. Muitos escolhem a profissão pelo que ela vai render financeiramente, todavia o mais importante é o que ela vai produzir no meio social em que se vive. Se você sente, experimenta o quanto ela representa no contexto da solução de problemas com seu próximo, experimenta o sentido de gratidão das pessoas pelo que você através dela tem realizado, você descobre que escolheu a profissão certa. Muitas pessoas se decepcionam com a profissão escolhida, e nesse sentido há dois grupos distintos: a decepção pelo o que a profissão lhe rendeu economicamente; e os que descobrem sua falta de vocação para o exercício da mesma. No primeiro caso, é a falta de consciência de que profissão não existe para enriquecer as pessoas e sim de realizar o individuo do ponto de vista de sua vocação, ganhar ou não dinheiro não está relacionado com.
A profissão escolhida e sim por vários outros fatores, como oportunidade, circunstâncias culturais ou mesmo competência; no segundo, a escolha não foi ditada pela vocação e sim por outros fatores como facilidade de aprender aquela profissão que embora não seja à de preferência, mas foi à única que apareceu. Valor moral e ético – embora haja muita discussão entre o que é ético e o que é moral passaremos por cima dessas diferenças e discutiremos apenas os atos éticos e morais. Que é um valor em si não resta a menor dúvida. Tomando a moral como uma ética subjetiva e a ética como a moral objetiva entre pessoas, podemos pensar que a nossa paz de consciência só existe quando a consciência moral está em paz, com Deus e em paz consigo mesmo. Infelizmente a nossa sociedade está tão corrompida que os atos morais estão sendo vistos como “atos ingênuos” e como dizia Rui Barbosa, no seu tempo: “de tanto ver surgir às insanidades... o homem tem vergonha de ser honesto” O sacrifício da moral e da ética tem conduzido a humanidade a um processo de rebaixamento da dignidade a ponto de surgir dificuldade de análise do que é moral e o que não é. Os Códigos de Ética das profissões que deveriam ser manuais de reflexão, levando as pessoas a pensarem suas atitudes, se tornaram Códigos de Etiqueta que forçam o profissional a agir de acordo com as exigências locais ou regionais em atitudes que descartam a análise de atitudes do que se vai fazer ou não fazer, isso é obrigar o profissional a agir de acordo com os interesses de determinados grupos manipuladores do clã profissional. Na política, na esfera policial as tentações de passar por cima da ética ou da moral são enormes e com raríssimas exceções o erro de um é atribuído a todos. Estética – o valor estético é a busca do belo, que segundo S. Tomás de Aquino “o belo não é o que empolga a vista e sim o coração” ou seja, a beleza não está na aparência das coisas mas no seu interior. Um carro é belo não são por suas linhas arrojadas, suas luzes, seu painel e sim pela reação ao desgaste, sua economia de combustível e sua capacidade de força nos motores. Mas por incrível que pareça o valor estético é o mais procurado, principalmente pela chamada classe média. Os salões de beleza estão cheios de pessoas em busca da beleza, algumas estragando sua fisionomia e seu corpo. Beleza é tudo dizem alguns da alta sociedade, esquecidos de que a beleza externa é efêmera e não resiste ao tempo. A verdadeira música se caracteriza pela harmonia, seja das notas musicais, seja do conjunto de atitudes de um grupo, de uma engrenagem ou da história. A Bíblia nos fala através do Apocalipse que haverá muita música no paraíso, o que muitos interpretam como se fossem diversos corais que irão cantar o que, diga-se de passagem, é um exagero de interpretação. O que haverá sim, é uma harmonia tal de atitudes e sentimentos que parecerá música, é a esteticidade levada ao máximo. Portanto o valor estético é algo a ser procurado, porém numa realidade conceitual que exprima o ideal estético na sua verdadeira significação. Prazer – denominado de busca lúdica de divertimento (do gr. Ludos=prazer), é a procura de diversão, dentro daquilo que a vida nos oferece. Havia uma escola grega denominada de epicurista, cujo criador chamava-se Epicuro, que pregava o prazer, que erradamente se pensava que fosse voluptuosidade, ou seja, o prazer impuro da carne, do sexo sem fronteiras, erroneamente afirmo, porque não era isso que Epicuro pregava e sim o prazer espiritual. Oposta a esta escola havia a escola estóica que pregava “que o prazer afrouxa os limites morais” esta oposição defende o sofrimento como o verdadeiro motivador da moral. Devem-se buscar o prazer, a diversão, os momentos de festa, sem que isso se torne uma obsessão em nossa vida. Casais há em que por causa de festas e diversão acaba por se separar o que é lastimável, pois o prazer deve ser consumido sem o prejuízo de outrem.

Um comentário:

  1. Desse texto, eu destacaria o que você falou de "Status social – é um valor que embeleza ou que sacrifica as pessoas que o buscam". Quantas querem mostrar o que não são, fazem dívidas para comprar um carrão só para mostrar para os outros e depois não conseguem pagar, ou falta até comida em casa, porque querem viver um mundo de aparência. Hipocrisia. Outra coisa que eu não suporto ver nas pessoas é dizerem que se preocupam com os mais necessitados e depois desprezam os mais pobres. Falsidade. Pessoas que são "povo" e se acham "elite". Discriminam pela aparência, pela cor, pela classe social. Como é difícil conhecermos pessoas com a verdadeira Beleza: a interior.

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