sexta-feira, 16 de outubro de 2009

INTRODUÇÃO

I - Deus, a projeção do mundo.

Nos meados do século XIX, um filósofo alemão Ludwig Andréas Feuerback, (28/07/1804) ex-discípulo de Sören Kierkegaard, o pai do existencialismo, desenvolveu sua filosofia ateísta, contrariando as orientações do seu mestre. Partindo inicialmente de Deus, para aprofundar-se nas idéias emocionais e finalmente cair num racionalismo grosseiro e ateu. Segundo ele, na sua obra Essence of Christianity, o homem que sempre afirmou que Deus criou o mundo estava enganado, dado que Deus não passa de uma criação do próprio homem que o projeta nas suas necessidades e busca de segurança. Assim, o homem tem uma visão de Deus segundo as circunstâncias de sua vida, para uns ele é alguém de mãos estendidas esmolando ofertas de pessoas e igrejas, para outros é um Deus de costas para o mundo que não está nem aí para o homem que ele criou que é a visão budista, e ainda aqueles que o vêm de espada na mão pronta a decepar o pescoço do infiel que não arrisca sua vida por Ele, é a visão maometista.








Enfim, cada um tem uma visão de Deus não importa que sejam de uma mesma igreja ou denominação. Karl Marx seguiu o pensamento de Feuerback só que passou o imaginário individual para o coletivo.
A projeção de cada um é influenciada pela sua vivência social. Nós somos levados a ver Deus segundo os estereótipos que a sociedade nos impõe. Essa teoria o levou a valorizar o social acima do individuo, a subjetividade cedeu lugar a objetividade do grupo que vai orientar o sociologismo utópico de que tanto se fala em Marx. Embora substancialmente acreditemos no erro de Feuerback (Deus não é uma criação do homem) somos, todavia obrigados a acreditar que essencialmente ele estava com a razão, o homem projeta Deus de diversas maneiras.
Essa visão projetada de Deus tem sido o laboratório das diversas ciências afins, a psicologia acredita que as figuras do professor, do líder religioso, no caso o pastor e o padre e até mesmo a figura paterna pode ser confundida com Deus, projeções, naturalmente inconscientes, mas que se traduzem em receptáculos de amor, ódio e qualquer outro sentimento hostil ou de vingança. Ela chega mesmo a justificar o ateísmo de muito jovens na relação complicada do pai com o filho, do diretor da escola com a criança. Não são menores a problemática na teologia que vê Deus na dialética com o diabo, os teólogos imaginam a figura e os atos de Satanás e no processo dialético imaginam um Deus que se opõe ao maligno. A figura do “velhinho” tão comum em Deus encontra assento no imaginário infantil que se extrapola na vida adulta e adquire foros de realidade. O Deus do romantismo cantado em versos e prosas, sofrendo com as heresias de seus compositores ou exaltado como o demiurgo do bem e do mal são os produtos da arte, dos que o imaginam ou com a figura do amor ou com a dor em extremada dose, dos que se lamentam ou que exigem a reparação do mal que estão sofrendo, tudo aponta para Deus que não tem resposta já que não tem presença na imaginação dos artistas ou compositores. Essas projeções não refletem nem longe o caráter e a personalidade do Divino, descaracterizando expressões como: “Deus lhe pague” “se Deus quiser” “meu Deus!!!”

to be continued....

Um comentário:

  1. Olá Sr. Ednaldo...

    Muito bom seu blog, agora tenho uma boa opção de leitura na internet.

    continue postando e se precisar de um auxilio pode contar comigo.

    Abraços

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